domingo, 27 de março de 2011

Último fôlego.

O último fôlego suspirou todo meu desejo
e queimou tuas entranhas como vulcão
o tremor, mais que terremoto, despejo.
Despejo de toda minha emoção.


E se te procuro invadir mais uma vez
é que me sinto deserto, cáustico e ermo
como se tua pele em toda maciez
pudesse deixar de fazer-me enfermo.

Sou como tu és para mim, diferente
mas tão querido e desejado
que nenhum outro adjetivo cabe: Ardente!

E queima-me quando explodes
Queimo-te quando afago-te
em prazer recato que me acolhes.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Antes do não.

Foi o bastante seu sorriso
para que me brilhasse o dia.
Senti-me como no paraíso
e meu corpo era pura euforia!


Antes mesmo de tocar sua pele,
sentia sua leveza e maciez
na busca de palavra que sele
este momento de tamanha embriaguez!


Entorpecido os sentidos
na ansiosa espera do prêmio
há tanto desejado e perseguido


Antes do beijo em seus doces lábios,
a leve língua e seus dentes em comunhão

lançaram e fincaram-me a cruel sílaba: Não!

Deleite etéreo.


Quem fala que o tormento é necessário
para desfrutar do sentimento incendiário
que acomete os vencedores e os conquistadores
de suas provas e desejados amores?


Quem se lamenta ante a primeira dificuldade
e não busca encontrar os segundos de felicidade
rebuscados nos sonhos, fantasias e imaginações
não foi cunhado para a vida de contemplações!


Se não desfruta da carne na alcova material
Não se pode se abater, desistir e não sonhar.
Não se pode jurar peca o doce frugal!


Assim, desdenhar de cada impreciso não
é necessário e vital para lambuzar-se
nos lençois etéreos de seu doce pomar!

segunda-feira, 14 de março de 2011

O que sei de mim.

Para quem quiser saber
Digo que não me sinto solto.
Longe de livre ou perdido ser
Mesmo que etéreo, tênue e leve
sinto-me tão preso quanto louco.
E se louco posso dizer, feliz?

Porque se acontece de me prender,
é que já nasci morto de desejo.
Longe de não sonhar ou enlouquecer
na busca incessante do que
não vejo
ainda que isto nunca me leve
além de um palmo à frente do meu nariz.

Então não me interroguem
então não me questionem
Não sei nem de mim
como saberia do que sou?
Como saberia do porvir?
Basta-me estar aqui.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Intantes de amor.

Lapsos de luz  resvalam
na minha mente clara e inquieta,
de pronto me seduz num estalo
tua visão quente, rara e reta!

Tua luz sem cor e sem textura
define e prende meu olhar,
pelo calor de imagem pura
que imprime todo meu penar.

Se sim e se não será fatal
o desdém de tua atenção de mim.
Meu circo tem seu final.

Se tenho ou não, na trama um papel
de fato faço-te rir e sonhar.
A mim o que fazes, além de te amar?