terça-feira, 26 de julho de 2011

Obscuro e intenso.

O morrer é uma arte
dolorida para quem presencia
triste para os distantes
e obscura para quem a vivencia.



O nascer é uma necessidade
intensa para quem a presencia,
obscura para os distantes
e triste para quem o vivencia.


Viver é um prazer que doi.
É necessário estar presente,
é obscuro desfazer-se
e muito triste vivenciar.


Tua alegria podre de viver
morre na fria e pobre cama
em poucos minutos de prazer,
em delícias findas te derramas.


Não olvide do que és
não te faças em cercas.
No casulo, não te percas,
nem entenda o sonho ao revés.

Melhor que ofereças o sonho
além de tuas entranhas fecundas
para o sonho não se tornar medonho
nem todos os dias, segundas.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Estou mudo.

Mudo para um mundo sem cão,
sem dono e sem deus.
Mudo para uma verdade criada e
inventada que se perdeu.


Minha mudez não tem prazo.
Minha mudez não tem gosto.
Isso é bom porque seu atraso
pode durar menos que um gozo.


Minha mudez não é surda.
Seu tiro não sai pela culatra
porque essa verdade suja
é dessa gente encurralada.


Minha mudez não é cega.
Infelizmente passa fome e sofre
quando essa gente chora sem cobre.
Ela nada vê nem pega.


Minha mudez não é muda,
se grita quando apanha,
rosna quando ataca
e dança quando se assanha.


Por isto estou mudo
diante desse mundo onde cães
são deuses e seus guardiães.
Sou um pagão mudo e profuso.

O que és?

Maqueia-te e mostra a face que deseja para o mundo,
mas a mim, sabes que não enganas. tenho guardado no peito
e no canto mais profundo a exata imagem de tua alma!


Continua cedendo a caprichos de tua lascívia e enquanto der,
disfarça entre discursos e semblantes austeros enquanto reprovas
aquilo que te alimenta e apraz a alma nas alcovas e tabernas.


Tens a exata maneira de chegar ao topo e dominar as mentes
Sabes muito bem utilizar os engodos e ainda mais. Dominas as técnicas
de esvaziamento de opiniões... pensas estar acima de tudo e de todos!


Mais um dia em que não exista nada mais a conquistar,
parecerá que tua lente está fosca e tuas mãos já não segurarão
o que conquistastes outrora... É, não és o que pensas.


E se conseguiste muito e durante tanto tempo,
permanecer como símbolo de um mundo limpo e puro,
é que teus asseclas não sabem do arremedo que és.


Não te demora a aprender mais do que a ilusão
porque a turba não perdoa quando as cortinas caem
são aplausos para a glória e linchamento para o fracasso.


Aprenda rápido a te transformares no que pretendeste imprimir
porque as mentes que se esquecem dos atos, não se esquecem das ideias,
virão na cobrança de tua essência e terás que te apresentar como és.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Perda louca

Eu posso perder teu ponto
mas não permito que se vás de mim
nem que te esvaias longe e perdida assim.
Eu quero tua parte selvagem e sem dono!

Eu passo no teu ponto certo
e cravo minha marca pra ouvir teus berros
e canto minha canção até ganhar-te em ferros,
em doce conquista despauterada e sem conserto.

Se queres te perder, que te percas!
Mas não me deixa parco sem encher-te de mim,
permita-me antes perder-me fora das cercas
e encontrar-te nos aleatórios cansaços do fim.

domingo, 10 de julho de 2011

Um ponto

Tem um ponto
Tem um passo
que não se conta
que não se dá
e uma vida a nos empurrar!

Nesse ponto
Nesse passo
O que se conta
o que se dá
está na vida a nos segurar!

E o que se finda
e o que se cria
não se sabe
não se pode advinhar
Esta vida a se quedar.

Quando se queda
em pleno planar
espera-se a força
e o momento certo
para enfim, voar!