quarta-feira, 27 de abril de 2011

TEU RESUMO

Ferros e couros na pele clara
pressionados por dedos flácidos,
movidos por braços fortes
e troncos hercúleos e tesos.


Superam tua força que chora
e trabalham tua matriz sem parar
nem permitem que vivas agora,
dela a glória feliz de dançar.


Tua força que se esvai
dia a dia como se morresse
no crepúsculo do dia que cai
e com a manhã não florecesse.


É preciso que te esqueças
do pecado e dos compromissos
como notívago que permaneças
e não durmas o sono dos omissos.


Porque não podes olvidar
Se tens de sonhar
que sonhes ao andar
Assim há de conquistar.


E nada de morte com o rei
nem com a lua se levar
porque não te salvarei
se teu plano não alçar.


Ceda o couro e roa o ferro!
Mostra teus dentes fortes
e o fogo de tua alma sem erro,
mostra que mudaste tua sorte!


Teus olhos sejam impiedosos
E aos maliciosos, mostra teu ventre
tua carne exposta aos desejosos
deixe-a sentir e siga em frente.


Tuas mãos são ágeis o bastante
para segurar, separar e mover
enquanto tua alma escolhe o montante
que podes levar sem morrer.


Porque pensar em morte é não crer
que tua vida é um presente perfeito.
Porque pensar na morte é temer
que a vida é um pesadelo desfeito.


Incomodam teu sono e a flacidez?
Então suba à tua cela e encerre
tua vida imprecisa e descortez
Sele antes que a porta emperre.


Escolha de que lado será trancado.
Se queres dentro da vida, não te canses
do lado da morte, já estás avançado.
Tuas escolhas, foram feitas antes.


Incomodam teu sono e a flacidez?
Porque teus ouvidos rijos
já não escutam e teus olhos vermelhos
pestanejam o azar de tua sonsidez.


De passar desde a infância
A desdenhar da verdade
e disfarçar solidariedade
e requisitar inocência.


Sabias que a vida avança
Devias saber desde o início
Que nesse mundo, a esperança
Não te quer entre vícios.


E o pecado que te fere como lança
existe em tua alma agora inerte
quando enfim, percebes na morte
que não podias ter nascido criança.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Valora-me

É o teu valor e o meu,
Ouvir e ser ouvido
no instante e exato segundo
o que no outro aconteceu,
momento de querer e ser querido
mais que qualquer outro no mundo.


É o teu valor e o meu.
Queixares que se perdes
sem ao menos chance ter se permitido
será jogar teus sentimentos em breu
e em esquisito dilema que se sucede

quando já não sabes o que é sentido.

É o teu valor e o meu.
Fazer deste amor, carnavais.
Tanto festa, quanto carne, quanto paz
e perder-se assim como quem se perdeu
Os desejos que não se preservam mais
e há muito deixaram de ser plurais
.

Nada mais tenho de ti
E tu que tens de mim?
Queres ainda o sonho antigo,
mas posso dizer-te que aprendi
se não sonho com teus lábios carmim
minha paz ainda é tua, eu te digo.

Minha pressa

Tenha pressa.
Toca tua música.
corre tua mão destra.
canta!

Tenha zelo.
Pinta uma tela.
Afia teu pelo.
Encanta!

Quando cantares,
quando pintares,
Faça-os com esmero profundo.

Porque poderá ser a última vez.
Logo já não vejo, nem ouço.
Já sou cego e surdo nesse mundo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Direção

Tua queixa me comove
e me faz pensar,
mas o desejo que me move
continua a me lançar.

Lança como arco tesado
depois solto na certeza
de alvo indefeso imobilizado
a abater por sua seta.

Queixas e removes
minhas chances de defesa
quando em teus beijos me envolves.

Rendo-me assim à tua realidade
e entrego meus esmos devaneios
em refúgio certo entre teus seios!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Meu medo.


Tenho medo da escuridão.
Não sei pisar onde não vejo
Nem aceitar o que não desejo.
Custa-me cair em tentação!

Tenho medo da paixão.
Não sei medir minhas causas
nem deixar minhas mágoas
ao leu de minha decisão.

Tenho medo da solidão.
Não aceito as distâncias.
Espaços entre as instâncias
preencho com  devassidão!

Meu medo é atemporal
perdido no relógio digital
do tempo do meu pulso
que já não orna, nem me insulta.

Meu medo é meu mal.
Se quero e não vou,
não sei avançar o sinal
nem sair de onde estou.

Meu medo é animal
E devora meu tempo
e minha força se faz banal.
Sequer grito meu lamento.

Meu medo é meu bem.
Apego-me e ele me justifica.
Somos par, o que nos identifica
e posso dizer que sou alguém.

Meu medo é de ninguém.
Nem meu, nem dele, nem do mundo.
Ele é apenas um ser profundo
que se move dentro de seu quem.

Meu medo está torto
De viés e enviezado.
só não fica parado
nem atracado em porto.

Meu medo está morto,
mas zumbizea nas praças,
nas matrizes e hortos
da juventude e suas graças!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dono da verdade.




A verdade não deve ser possuída
Deve ser antes explorada e devassada
Como uma amante sempre escondida,
entretanto muito mais amada e idolatrada.

Devemos ter prazer em tocá-la.
Aqueles que conseguirem, devaneçam-se
e encham sua boca de mácula,
de gozo, suas entranhas. Entorpeçam-se.

Ela é assim: Boa para uns momentos,
mas vivê-la eternamente
Não se faz sem muitos sofrimentos.

Assim não a queiram desposá-la.
Eis que a verdade é cruel
e ninguém conseguiria suportá-la.