terça-feira, 30 de agosto de 2011

Teu prazer.

Não quero que te sintas
pressionada a descalçar os pés
e andar por minhas costas desnudas.
Podes calcar teu salto.

Não quero que mintas
encabulada o prazer revés
que te dá ao sentir-se muda
esperando meu grito mais alto.

Se de dor ou prazer
que seja voraz.
Então que ei de fazer?

Implorar-te que me firas,
mas não me deixes ou que tenhas
comigo o zelo de quem se retira?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Flor de lótus

A flor fêmea translucida tua alma
para meu corpo embevecer nas noites frias
e nas quentes que me encanta tua alegria
em perder-se em teus instintos de fêmea alfa!


Minhas palavras por mais belas
parecem grunhidos ou apenas gemidos
de um prazer escapado das celas
de minha garganta para teus sentidos.





Antes de te aprisionar,
aprisionou-me  tua sensibilidade
e tua capacidade de amar.



Antes de te perder,
ganhou-me o encanto aflorado
de tuas palavras a me enlouquecer!

Devoção incondicional.



A poesia desvela a alma tua,
ou simplesmente denuncia
a fêmea ante seu amado, nua
vestida apenas do que vicia.

Vestida do desejo e da paixão

ou do querer quase como um cobrar
Exalando por todos os poros, paixão
e quase se esgotando de tanto gozar!

Assim, fácil é ler tua alma

exposta em dígitos,
vogais e consoantes.

Difícil depois será

manter minha calma
sem nos tornarmos amantes!

Tua parte inteira.


Ainda não sei de fato
se sou a parte de mim 
quando desato em choro
quando partes enfim.


Ainda não sei de fato
se sou minha parte
quando não partes
e sorris a me puxar.


Se sou o que queres
ou o que abandonas
ou o que te segue.


Sei sem duvidar de mim
de nenhuma dessas partes
que inteiro existo para te amar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Desejo estéril.

Enquanto te negas ao amor
derrama-te em desejos contidos
e em pensamentos proibidos
alimentas a chama sob teu pudor.

Este fogo denunciado
sob tuas faces pelo rubor
é meu prêmio desejado,
minha prenda de amor.

Se ao descreveres o que sentes
e desejas fazer e desfrutar
saibas que há muito estou a delirar.

Porque te faço minha todas as noites.
Porque te faço dona de minha corte.
Sinto nossos desejos em cada açoite.

sábado, 20 de agosto de 2011

A certeza cruel.

Todos os dias de você sair de casa
Parece que acontece tudo
A certeza é que acontece
Todas as vezes que você pega a estrada

Essa estrada torta que se insinua

Essa estrada larga que se inicia
Em sua porta tão curta e estreita
Em sua cama tão larga e macia

Essa vendedora lhe quer mostrar

E se insinua dizendo que pode amar...
Vende-se dizendo que pode se mostrar
E se desnuda dizendo que quer se explorar.

Todos os dias essa estrada a se mostrar
Parece que se inicia dizendo te amar
Todos os dias a porta pode te mostrar
A certeza que não se deixa explorar!

Tua carne


Quero morder teus lábios
com minha boca sentir teu gosto
Quero em meus ouvidos teu uivo
de fêmea, quando fores fluido
e apenas sussurro, que morras em mim.

Quero balbuciar teu nome
gutural e apaixonado, sentir
teu ciúme cravar em minha pele,
em meu peito e sibilares ,
em meu corpo que te entrego.

Quero sentir tua carne...
Quero sentir teu gosto,
gosto de teu suor e de ti,
quero tudo que não seja
também do melhor.

Quero no fim que me devores
E me regurgites, que explodas
E me ordenes que me afaste de ti
até que não suportes e me peças
para retornar a teu covil.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sete linhas.

Tu me quebras à sorte
E quando tenho certo a morte
dá-me solo para que me aporte
Faze-me protegido e forte
eleva-me a teu consorte
como se fosses a rainha na corte
eu a te oferecer nenhum norte.

Apenas um alquebrado amor
que guardado em mim com fervor
ofereço-te como louvour,
mas se o trouxe como protetor
é certo que em meu estupor
ante tua presença e esplendor
não o encontro em meu interior.


Onde guardei minha senda?
Terei perdido nas sendas?
Terei deixado cair em fenda?
Ou esquecido em alguma tenda?
Terei perdido tua prenda?
Como resolver minha contenda?


Dá-me tua mão.
Toca este zangão
que um dia azarão
encontrou em seu coração
esta sorte ou não
desse amor atemporão!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Constatação.

Tu não te reconheces
e arfas.
Eu não me contenho
e avanço.
Não me prometes, nem exijo
juras.
Só me pego em desespero
à espreita.
Vezes tentas me controlar outras,
me tentas.
Eu não sei te instigar,
tento.
Se te tenho é porque
me tens.
Se me tens é injusto, mas natural.
És dona.

sábado, 13 de agosto de 2011

Tenho algo para lhe dizer

Eu sei que não gosta quando eu falo.
Mas amanheci com essa vontade louca
de soltar como água esvaindo no ralo,
como beijo que estala na boca.

Amanheci pensando em não dizer,
mas o controlar não é esquecer.
E quando fica na memória um sentimento
só se acalma quando há o contentamento.

Se não sei como saciar a sede
sem beber,
A fome sem comer...

Como saciarei minha vontade
sem dizer:
Eu amo você?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mil desculpas



Peço-te mil desculpas,
Não por te ofender,
tampouco por te morder
ou dizer o que te insulta!

Pediria perdão,se crédulo!
autoflagelaria se sentisse dor
mais são virtuais meus ósculos,
e mais malicioso seu vigor!

Se tenho de jurar
Não jurarei não mais fazer
Juro que pensava agradar
Quando me disseste ofender!

Em teu cálice punha vinho
Em travesseiros, amor
Para teu deleite e deitar, carinho
Para teu despertar, fervor!

Mas que pese meu esforço
Que tese meu penar
senti que caí em profundo poço
quando derramaste teu odiar!

Só me encantava te elogiar
Só amava teu rubor
Só tentei te agradar.
Só colhi de ti, o horror!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ousa.

Que tenho para te dizer?
Se não ousares me usar
insistirei até te vencer
que me uses até cansar!

Que tenho a te pedir?
Se ousares me tomar
que não me deixes fugir
sequer permita-me pensar!


Usa toda tua malícia
Tua ousadia pura e escancarada
Transforme-se toda em delícia.


Seja a fêmea usada e descarada
Deixa-te acuar...
Esqueça-te que lá fora nada há!

As calçadas

Em suas calçadas
encontra-se de tudo.
Encontram-se roupas novas
De chita, algodão e veludo.
Tem comida para prova
Tem mesas para refeição,
garçom servindo cachaça,
Tem até gente passando.
Nas calçadas vende-se muito:
Cds, dvds e celular que deseja ter.
salgadinho com chedar ou patê.
pega-tudo ou até chumbinho.
Óculos e rádio, De tudo um pouquinho.
Compra roupa de cima, de baixo
e até lente de contato.
Nas calçadas tem policial
flertando vendedora
ou comprando pra sua senhora.
Tem moleque com seu cachimbo
sonhando com sua bicicleta voadora.
Nas calçadas tem gordas
olhando vitrine,
Tem magras tentando se olhar.
Tem carros parados
e motos tentando "roubar".
Tem casal se beijando
Esperando o ônibus chegar.
Tem que gente que se esgueira
simplesmente tentando passar.
O que não se encontram nas calçadas
são pessoas a passear.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nascimento.

No silêncio do ser
em seu quarto talvez
céu e inferno em padecer
eterno, curto e revés.

No barulho das ruas
e sua nudez esquálida
permeando-se de cruas
peles fugazes e pálidas.

A procura, busca.
o encontro, choca
e seu senso, semeia-se
e perde-se no eco.

Seu ser que não está
em si, visita-o pouco
insiste em amarelar
e ficar no outro.

Seu ser é contrário a si
e igual ao seu desejo,
mas inferna-se de vestir
o manto fugindo do despejo.

Fugir do destino certo
de todos os seres cridos
e encontrar talvez perto
o bem por outros esquecidos.

Ele esqueceu-se dela
antes mesmo de tê-la
e ela sequer existiu.
Antes mesmo morreu.

Então atente-se:
Na tela há algo de eterno.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Criação.

Areia.
Som.
Umidade.
Teu corpo cansado entrega-se à sua idade.

Jaze como bem faz toda terra molhada e enferma.
Som.
Umidade.
Areia.

Silêncio.
Pavor.
Luz.
Esperas que teu corpo perdure uma eternidade.

Lutas contra tudo e todos para fugires da sentença.
Luz.
Pavor.
Silêncio.

Entender os mistérios faz-se tão necessário
que não se pode perder em suas teias muito tempo.
Porque seu conhecimento não os mudará
Apenas preencherá teu peito de contentamento.

Se o sabes imutável, então
por que te empenhas em cruzada vã?
Contenta-te com o que sabes e segue
firme em tua vida pagã.

Melhor que ter certezas erradas,
é duvidar com a certeza de que aquilo
que não sabes é inalcançável e portanto
ganhas mais quando julgas perdê-lo.