quarta-feira, 13 de julho de 2011

Estou mudo.

Mudo para um mundo sem cão,
sem dono e sem deus.
Mudo para uma verdade criada e
inventada que se perdeu.


Minha mudez não tem prazo.
Minha mudez não tem gosto.
Isso é bom porque seu atraso
pode durar menos que um gozo.


Minha mudez não é surda.
Seu tiro não sai pela culatra
porque essa verdade suja
é dessa gente encurralada.


Minha mudez não é cega.
Infelizmente passa fome e sofre
quando essa gente chora sem cobre.
Ela nada vê nem pega.


Minha mudez não é muda,
se grita quando apanha,
rosna quando ataca
e dança quando se assanha.


Por isto estou mudo
diante desse mundo onde cães
são deuses e seus guardiães.
Sou um pagão mudo e profuso.

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